jueves, 15 de agosto de 2019

Representante da Argentina no Mercosul ironiza “terrorismo psicológico” de Bolsonaro


Parlamentar argentino diz que vitória da esquerda não é  ameaça de crise migratória e diz que Brasil só é opção para turismo 

*Por Claudia Freita | Via Eu Rio
O Secretário de Desenvolvimento Comunitário do Município de Río Cuarto, na Argentina, e representante do país no Mercosul, Humberto Benedetto, comentou nesta terça-feira (13) as afirmações do presidente Jair Bolsonaro. 
Após os resultados das eleições primárias na Argentina no domingo (11), que deu vitória ao candidato Fernando Fernandéz, Bolsonaro disse que o Rio Grande do Sul pode se transformar em uma “nova Roraima” se a esquerda argentina voltar ao poder e isso provocar uma crise migratória. 
“Na minha opinião, as declarações do Bolsonaro não foram por acaso. E por mais que alguns tentem comparar o que aconteceu na Argentina com a Venezuela, a situação é totalmente oposta com o que é argumentado pelos eleitores da direita. Independentemente do resultado da eleição, o que aconteceu foi algo democrático, não foi nada ditatorial”, disse.
“E a crise migratória que acontece na Venezuela não é problema somente do aspecto econômico, pois lá também há uma violência extrema por parte do governo, que somada à situação de pobreza da população venezuelana causam essa saída em massa de pessoas do país”, destacou Benedetto. 
O parlamentar disse ainda que “em  situações sociais e econômicas, os argentinos jamais precisariam migrar para o Brasil, até porque é o lugar [Brasil] que tem a menor população que emigrou da Argentina”. 
Benedetto pediu na entrevista para o presidente brasileiro ficar tranquilo quanto a questão migratória. “Até porque quando nós viajamos para o Brasil é para aproveitar as férias. Não há como se mudar pela questão do idioma e também por causa da cultura. Ou seja, para nós é muito diferente morar em território brasileiro”, disse. 
O político acredita que o diálogo e a democracia continuarão na Argentina com a mesma força dos últimos 30 anos. 
“Da mesma forma que isso possibilitou a eleição do Fernando Fernandéz, também permitiu que o Bolsonaro fosse eleito no Brasil. Ele começou com uma pretensão pequena e foi crescendo até chegar onde está, mas o discurso não é mais o mesmo se compararmos com o que foi na eleição. Não houve a alteração radical que ele tanto falou. Qualquer presidente quando chega ao poder se depara com a realidade e percebe que é bem diferente daquilo que se fala em campanha. Daí é necessário tomar medidas que são razoáveis, mas não são aquelas desejadas por quem o elegeu”, avalia. 
Na opinião de Benedetto, a presença da oposição vai transformar aspectos da política externa argentina. Nesse sentido, ele faz uma referência a preocupação de Bolsonaro.  
“O Fernandéz tem uma posição clara ao atual acordo do Mercosul, que é uma questão central para o Brasil e para os outros países integrantes do bloco”, afirma o parlamentar.

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